Receber o outono
So what's the verdict? I am an autumn 🪵☕🍂

O outono é a sexta-feira do meu ano, a estação onde me sinto mais livre para ceder ao que me apetece sem a pressão estival de ter a agenda cheia, nem a melancolia do inverno que me faz ter saudades dos planos ao sol.
Na verdade, a minha parte preferida do outono, tal como numa sexta-feira depois do trabalho, é a sua transição. A beleza do verão que se derrete com a mudança da luz, a temperatura das manhãs e dos finais de tarde, o nevoeiro que surge com o nascer do sol, mas não monopoliza o dia.
É esta transição que nos permite brincar com o armário e com as nossas bebidas preferidas – frias ou quentes? Os dias recebem as duas.
Sentimos as folhas crocantes nos pés sem ainda sofrer com o vento e observamos a chuva pela janela com a nostalgia de quem recebe um velho amigo em casa. A noite abre espaço para os momentos de quietude e os planos caseiros, entre receitas, tigelas de sopa, chávenas quentes, massas estendidas na bancada, filmes de culto e séries de conforto.

São as primeiras velas acesas, o cheiro a canela que domina o forno da cozinha e das velas no quarto, os jeans de lavagem escura, os cortes escadeados dos anos 90, os batons acastanhados a combinar com as botas de salto e as gabardines.
Gosto da sensação de poder ficar em casa depois do trabalho, mas também de poder caminhar de manhã sem estar demasiado agasalhada. O outono é atmosférico e é nesse ambiente que reuni uma coleção de playlists, filmes e séries, livros e atividades que não só dão as boas-vindas, como celebram a estação.
Para escutar
A intro de Dreams dos The Cranberries, a ponte da All Too Well, o veludo das músicas de cordas e das versões acústicas que vão bem com chai latte, a banda sonora de Charlie Brown and the Great Pumpkin. Gosto de ouvir música que me transporta para o outono de outros lugares - ora aconchegada numa muskoka em frente ao lago, ora a atravessar as passadeiras de grandes cidades.
Estas são as playlists em rotação nesta altura:
– outono nostálgico e acolhedor, perfeito para dias introspetivos e chuvosos
– para os finais de tarde na luz quente da cozinha, a preparar a sopa da semana
– a energia única das cidades no outono, com um toque de nostalgia de todos os imaginários das nossas séries favoritas dos anos 90 e 2000 nesta estação
– o melhor e mais nostálgico do Halloween, com embrulhos de guloseimas no fundo dos baldes em forma de abóbora, candeeiros de rua a iluminar a noite e Sabrina the Teenage Witch aos domingos de manhã
– o aconchego dos cafés numa tarde de trabalho, o cheiro a padaria doce e café, com jazz a tocar ao fundo e um sino na porta de entrada
– uma coleção de músicas místicas e poderosas, com vozes ou letras etéreas que me fazem sentir que estou entre as melhores e mais misteriosas bruxas de salem
– para mergulhar no ambiente sombrio e colegial do dark academia, mas numa versão alternativa à música clássica
– a companhia para uma visita ao museu num dia de chuva, com a música a tocar nos heaphones, salas vazias, obras especiais e planos para comer um muffin e um chá no café, no final do passeio entre as alas e corredores
Para ler
Um livro na poltrona é um plano irresistível. As primeiras velas acesas, a chávena quente pousada por perto e a viagem até outros lugares, personagens e histórias. Atravessar a estação com uma história reconfortante ou com um thriller que nos devora o sono. O encanto de acompanhar o mundo dark academia por um telescópio. As lombadas gigantes que parecem menos intimidantes. As releituras e as estreias na literatura. Há espaço para todos.
Para ver...
Sonhar com as ruas de Stars Hollow em Gilmore Girls, desligar do mundo com Sabrina the Teenage Witch, cantar I Put a Spell on You com Hocus Pocus, ver the grim no fundo da chávena com o terceiro filme do Harry Potter. A Maldição de Hill House para pequenos sustos e Marianne para grandes sustos. É a época das histórias introspetivas e das comédias românticas em Nova Iorque. De rever a abertura de You've Got Mail e o final de When Harry Met Sally. Entrar no comboio que levou Before the Sunrise a Viena. Viver o outono - direta ou indiretamente - através destas histórias.
Para fazer...
Os últimos passeios com casacos leves para observar a mudança da estação. Sopas de tomate onde mergulhamos tostas de queijo sem o menor remorso. As últimas marcações do que tem sido a adiado para cuidarmos de nós. Um programa de pizzas caseiras com formatos de fantasmas e abóboras. Abrir o puzzle guardado para o serão certo. Decorar a casa com pormenores aconchegantes. Ir ao teatro ou a um concerto de orquestra. Pedir um chai latte para levar. Fazer esta receita de massa que é um abraço quentinho por dentro. Uma maratona de filmes. Pedir um cinnamon roll e terminar um livro no café, durante a tarde. Reservar uma aula de cerâmica. Experimentar journaling.
Está aí. Chegou para ficar. Bem-vindo, outono!
Até ao próximo encontro,
Inês







Que descrição do outono tão íntima e, ao mesmo tempo, tão real. Adoro o outono, também é a minha estação preferida. Amei ler-te, as metáforas que tilintaram em mim.
Eu adoro o Verão mas nos últimos tempos tenho vindo a aceitar que também guardo um carinho especial pelo Outono. O teu post está muito cozy, adorei as tuas sugestões <3 bom outono para ti!